Imagem extraída de:
http://kdimagens.com/imagem/nao-tem-educacao-nao-1410
Desde os 10 anos de idade aprendi, na escola, que o
bebê não é trazido em um saco pendurado no bico de uma cegonha, como as pessoas
insinuavam e os livros de história infantil abordavam. Os professores de
Ciências Naturais, explicavam claramente de onde vinha o bebê, mesmo nos anos
70, os chamados anos de chumbo do Regime Militar. E eu acho que, por não haver eleições
nessa época, para governadores e presidentes, ninguém nunca questionou a
escola, os livros e os professores por isso. Aliás, professor nem podia ser
questionado nesse tempo, por nada. Ele era dono do saber, respeitado por
antecedência e excelência; e o aluno não podia falar nada, nem a família.
Mas, eu aprendi muita coisa nesse contexto. De tudo
que fazia parte do corpo humano. Esta era o nome da unidade de ensino. Desde as
localizações dos órgãos gerais do corpo aos de reprodução, que eram o masculino
e feminino, aos que são comuns em ambos os gêneros eram abordados. Sim, era
ensinada uma ideologia de gênero. Esse conceito já existia na escola porque biologicamente
a ciência explica que existem os órgãos físicos que identificam o macho e a
fêmea entre todos os seres vivos. Embora também já existissem aqueles que, não
por natureza biológica, mas por outros fatores ligados às suas vivências ou
experiências pessoais, preferiam se comportar conforme suas vontades: às vezes
o macho com comportamento feminino e a fêmea com o masculino.
É bem verdade que a escola nunca deu vez ao comum
de dois gêneros. Nem mesmo atualmente. A não ser nas aulas de Gramática da língua
quando dizia que alguns substantivos não tinham sexo. Aí eu ficava fazendo a
comparação da cobra, do jacaré e da zebra com as pessoas que eu já tinha
observado que, eram machos e queriam ser fêmeas ou vice-versa.
Pasmem os jovens que se admiram demais com a
realidade de hoje! Mas, no século passado, vez por outra encontrávamos mulheres
de camisas de mangas longas, chapéu, calça e botina com a simples finalidade de
adquirirem um aspecto mais masculino. Homens que hoje são torturadamente
chamados de “afeminados” também tinham suas preferências específicas de uso da
linguagem oral muito própria deles, realizavam atividades que foram
determinadas convencionalmente para mulheres, como cozinhar, lavar roupas e
pratos, varrer a casa. Qualquer homem que demonstrasse atitudes como essas punha
sua masculinidade em jogo.
O fato é que a cultura, convencionalmente destinou
e separou as atividades masculinas das femininas. Mulheres somente servem para
isso, homens para aquilo. Mulher que dirigia carro, por exemplo? Com certeza
tinha aspecto de macho! Pois bem, muitas outras coisas poderiam ser observadas,
mas, eu quero encurtar a interação. Só sei que para aqueles que resolviam “quebrar
o tabu”, apesar dos olhares atravessados que recebiam, eu nunca ouvi nada igual
ao que ouço hoje com relação às lésbicas e aos gays, nem nunca li o que
escrevem, hoje em rede social. E nunca ouvi ninguém usar tanto o nome desses
grupos em uma campanha eleitoral.
Ora, há até quem afirme que
existem livros que ensinam as crianças a escolherem, com ampla liberdade, a opção
de ser gay, lésbica ou de se entregar com liberdade a um pedófilo, como também
instruem sobre sexo antes da hora. Eu ainda não tive a oportunidade de tocar no
material que ensina isso, mas, parte dele é demonstrado na TV e Internet sem nenhuma
proibição. Devia ser proibido, já que é tão maléfico. Mas, não. Candidatos usam
descaradamente para fazerem suas campanhas. Nunca vi a favor, porque todos
sabem que esse tipo de material, se existisse de verdade na escola, não seria
apropriado porque vai de encontro a diversas forças que fazem parte da natureza
especifica do ser humano.
Sem contar que hoje as crianças
têm acesso a quase tudo. É possível observar que mesmo os pais que demonstram tamanha
e profunda “fobia” desenfreada por esses assuntos na escola colocam nas mãos
das suas crianças, ainda muito cedo, um celular com internet e não percebem que
este mecanismo abre um mundo infinito de informações, através de tudo: imagens,
vídeos e filmes, revistas e livros completos, desenhos animados, charges, cartoons, banners, enfim, uma diversidade de materiais que podem ser
consultados sem restrição abordando o sexo como atividade biológica humana e
animal de diversas formas. Das mais corretas às mais distorcidas possíveis.
Chega a ser cansativo observar o medo das pessoas
de terem filhos transformados em demônios porque os professores ensinaram isso
na escola usando um livro que foi destinado pelo MEC. Muitos argumentam que a
criança tem que saber sobre sexo na idade correta porque não pode aprender
antes. E seguem-se uma lista de argumentos que finalizam em uma única linha de
pensamento: a religiosa. Então, a criança não pode perder a inocência. Mas, não
se observa, quase nada, os que argumentam contra o uso do celular pelas crianças
na mesma idade. Algumas delas usam na escola, com o professor explicando a
matéria. E a criança vendo vídeo de outros assuntos que nada têm a ver com os
abordados na aula.
Ninguém sequer olha, observa ou considera os índices
absurdamente elevados de crianças que são abusadas pelos pedófilos e que se
revelam inocentes, por isso aceitam. Às vezes, até as mães, por diversas
circunstâncias também ligadas à falta de informação que a limitada EDUCAÇÃO proporciona,
demonstram inocência e veem tais ocorrências em casa e não denunciam. Enfim, a inocência,
nem sempre é algo positivo quando se trata de exploração e violência sexual. Pior
ainda, nesses índices estão histórias que ocorrem, em sua grande maioria,
dentro do próprio ambiente familiar e em outros nos quais há um certo grau de
confiabilidade entre violentador e violentado, como as igrejas, escolas, a
vizinhança.
Cientificamente não se pode
ter certeza dos motivos que levam uma pessoa a ser gay ou lésbica. Os absurdos
da pedofilia têm sido amplamente discutidos e tem-se concluído que é algo dado
como doentio por alguns especialistas da psicologia e psiquiatria. Mas, em
nenhum estudo há certeza de que esses perfis do campo da sexualidade possam ser
ensinados e aprendidos. Talvez, possam ser influências para quem já tem suas
preferências e não tem coragem de externar, o que é diferente de aprender a ser.
Só sei que eu sou o que sou, heterossexual, e jamais ninguém mudaria isso em
mim. Nem mesmo os professores e os livros de ciências com os quais eu aprendi
muitas coisas.
Mas, eu não seria o que sou,
talvez nem existisse mais se eu não tivesse lido sobre o tema, estudado e
descoberto muitos conhecimentos que as pessoas transformam em monstros de um
mundo “alienígena” e acham que saber daquilo é prejudicial à vida, quando às
vezes é a forma mais adequada de você evitar os problemas que o NÃO SABER
causa. Imagine uma criança que não sabe que é estranho o adulto tocar em suas
partes íntimas, mas, que se depara com isso! Às vezes é o pastor da igreja do
seu pai e de sua mãe, o padre da igreja matriz, o vizinho, o namorado da irmã,
o homem que a sua mãe casou ou resolveu morar e que não é o ser genitor, ou
mesmo é o seu próprio pai. Ressalvo que falo sempre da parte masculina porque é
a situação majoritariamente comum, mas, não se descarta a possibilidade de
essas atitudes serem tomadas por mulheres.
Só sei que a campanha eleitoral vai afunilando e minhas
observações vão ficando cada vez mais voltadas para o caráter específico dos
absurdos que são abordados em defesa de cada candidato. E é possível constatar
que há tantas distorções sendo postas a fim de desviar o olhar do povo daquilo
que se deveria analisar, além das coisas que não são importantes no discurso político.
Como profissional da educação, acredito que este
fenômeno é um dos que pode mudar o aspecto "desastroso" que tem
tomado conta da nação brasileira em todos os sentidos. A EDUCAÇÃO é mola mestra
de uma sociedade pelo fato de conduzir a vida de uma pessoa para diversas
dimensões. Eu mesma me ponho como exemplo de transformação individual e social
através da escola, da leitura e da formação educacional. Portanto, lidei de
perto com o caso.
Tenho certeza que um discurso político mais adequado
a este fenômeno não se limita a coisas tão específicas e que devem ser temas a
tratar, dependendo de cada realidade escolar, em discussões participativas com
a família, nas quais se decidam os rumos do currículo escolar. Algo que já é
orientado pelas diretrizes da educação básica e que quase nenhum pai sabe
porque geralmente a ele não interessa saber disso. O currículo, os saberes, as
decisões quase sempre são tomadas pelos profissionais da escola porque os pais
não aparecem para ajudar nelas. Mas, quer votar num presidente da república que
dê conta do que é a comunidade escolar, da qual é ele (o pai ou mãe) quem faz parte e é responsável pelas decisões de um processo educativo destinado aos seus filhos.
Com certeza, o discurso que se procura vai muito
além da fé, das informações que se fazem no senso comum, dos meus e dos seus conceitos
e preconceitos. É um discurso de PLURALIDADE superior também à ambição pelo
PODER que jorra, de forma grotesca, da língua dos que usam certos assuntos para
ganhar votos. Esse discurso nega a real finalidade da educação escolar que deve
ser promovida com os valores pagos de impostos pelo contribuinte e para ascender qualquer que seja o usuário do serviço público ou privado que lhe é de direito.
Por Mônica Freitas
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