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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

QUANTOS INDÍGENAS EXISTEM EM APODI?

 

Minha memória guardou um dado exposto pelo Sr. Martinho Andrade, à época coordenador da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) no Rio Grande do Norte (RN) quando veio pela primeira vez a Apodi. Nos reunimos na parte de cima da Casa Paroquial, espaço cedido pelo Padre da Paróquia para que pudéssemos realizar a primeira reunião com a Fundação que protege os indígenas no Brasil. Dos que estavam presentes que eu lembro eram: Lúcia Paiacu, Eu, meu pai João Batista de Freitas, o Prof. Raimundo Tôrres e sua esposa Débora, entre outros, mas eram poucos. Naquele momento, um dos argumentos do representante da FUNAI foi exatamente expor que havia pesquisado as bases do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), para saber se realmente havia indígenas declarados no nosso município e havia encontrado o número de 17 indígenas.

É claro, que depois de muitas leituras acabei descobrindo que a metodologia aplicada pelo próprio IBGE não favorecia a autodeclaração. Naquele censo de 2010, para se autodeclarar indígena era preciso que o indígena já tivesse bastante esclarecimento sobre a importância da sua identificação ou tivesse um sentimento de pertencimento bastante aguçado para convencer o recenseador de que ele tinha obrigação de registrar sua autodeclaração. Infelizmente, ainda se vivia uma época de desconhecimento e estranhamento sobre autoafirmação e acredita-se que esses 17 indígenas autodeclarados naquele censo se tratavam de pessoas que aleatoriamente foram contados.  

Hoje, após a grande luta travada por Lúcia Paiacu com a fundação do Centro Histórico, suas pesquisas, assim como as pesquisas realizadas por outros indígenas que também se autodeclararam seguindo sua inspiração, os dados são outros. Em 13 anos, o número de autodeclarados indígenas em Apodi aumentou 430%, de 17 pessoas, o censo de 2022 conseguiu contabilizar 731 pessoas da etnia Paiacu Tapuia no município de Apodi.

E quem são esses indígenas?

São os filhos da ancestralidade apodiense, os netos, os bisnetos, os tataranetos e toda a extensão genealógica que tem histórico familiar que se vincula à comunidade Tapuia Paiacu do Apodi. Ressalta-se que, quando um patriarca se autodeclara, automaticamente toda a sua família tem o direito garantido pela Constituição Federal de se declarar, procurar, pesquisar sua genealogia e assim identificar sua etnia, que sendo legitimada historicamente e pelo espaço geográfico ocupado, no tempo de colonização (século XVI), deve ser vinculado à comunidade organizada.


Arquivo próprio. 


Vale ressaltar que autodeclarar-se não significa somente dizer: “eu sou indígena”, é preciso ter conhecimento do seu histórico familiar, buscar seu vínculo com uma etnia que seja reconhecida como ocupante do território invadido pelos europeus a partir de 1500, para poder ser aferido pela liderança daquela etnia. Em Apodi, a única pessoa que pode garantir a aferição é a Cacique Lúcia Paiacu Tabajara, líder pelo seu histórico de pesquisadora que conseguiu reunir dados históricos, arqueológicos e antropológicos que garantiram a investida das pesquisas acadêmicas que oportunizaram a publicização do conhecimento que ela reuniu em suas investigações de campo.

O povo Tapuia Paiacu do Apodi contribuiu com esses dados do censo 2022 com a também elevação positiva do número de indígenas no RN, que era apenas de 2597 em 2010 e hoje se contabilizam 11.725. Grande parte desse aumento de indígenas autodeclarados se deve ao Movimento Indígena do RN, que teve início em João Câmara no ano de 2005 e conseguiu ampliar-se nos últimos anos, vinculando comunidades e povos que se encontravam dispersos desde o século XVIII nos territórios potiguares. 


Por Mônica Freitas 


Saiba mais aqui:

quarta-feira, 26 de abril de 2023

ACAMPAMENTO TERRA LIVRE (ATL): A TRADIÇÃO QUE NÃO MERECE UM SALVE

 No âmbito da compreensão mais atual sobre "índio" no Brasil, tem-se discutido nacionlmente sobre uma nova história, esta que se apresenta com a finalidade de, além de recontar, recuperar elementos culturais, sociais, políticos, territoriais e ambientais que foram prdidos ao londo de uma visão distorcida, plantada e preservado pelos atos colonizadores que prevalecem atá hoje em nosso país. 

O ATL trava uma luta social permanente, independente de quem esteja, partidiariamente represntando a nação. É um movimento que ocorre todos os anos durante o mês de abril, que é dedicado aos povos originparios brasileiros, sendo um período visto por toda a ascendência desses povos como tempo de luta. Considera-se, para isto, que os costumes da nossa sociedade, impulsionados por histórias "mal contadas" ainda são impiedosamente de características coloniais. 

Neste ano, o ATL ocorre durante os dias  24 a 28 de abril. O tema deste ano é “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”, oqual conrempla a luta do indígena atual dos Brasis a fora, a maioria vistos como terras sem indígenas, mesmo que nesses territórios existissem familias cientes de que eram pertencentes aos povos originários do país. E antes que algupem venha falar que é teoria, respondems taxativamente: "Não, não é. Teorias, todas suficientes para explicar práticas, às vezes infalíveis, como por exemplo, a teoria da energia elétrica, não estão fixadas e marcadas na memória de povos que náo precisaram metodizar suas vidas". Os povos originários e suas descendências e ascendências têm marcas na memória, transmitidas oralmente entre seus grupos. Respeitem, é só isso que queremos. 

Pois bem, o Rio Grande do Norte está entre os estados brsileiros que a fama de não ter mais ímdios foi espalhada de Norte a Sul e até ensinada na escola. É disso que provém tanta ignorância sobre o tema da recuperação cultural territorial que é pauta da ATL. Mas, foi daqui que partiu um transporte com uma boa quantidade de indígenas das etnias Potiguaras e Tapuias Tarairiús para Brasília, a fim de participar do ATL. 


Grupo de indigena que foi ao ATL em 2023. 
Foto do Movimento Indígena do RN. 

Os grupos particpantes tiverm o apoio de entidades municipais e estaduais e da FUNAI nas comunidades que estão localizadas nos municípios de Açu, João Câmara, Canguaretama, Baía Formosa, Macaíba. Infelizmente, o povo Tapuia Paiacu, apesar de pertencer ao movimento indígena do RN não pode participar por falta de apoio, em especial para a passagem até Natal, para que os participantes pudese juntr ao grupo.


Por Mônica Freitas 


quarta-feira, 25 de agosto de 2021

LÚCIA PAIACU TABAJARA REPRESENTA O POVO PAIACU DE APODI EM MANIFESTAÇÃO EM BRASÍLIA

Extraída do Facebook 

São sete dias (22 a 28 de agosto) de mobilização organizada e vivenciada por mais de seis mil indígenas e todas as regiões do Brasil na capital federal Brasília. Eles se mobilizam em protesto so Marco Temporal para a demarcação e terras, que está sendo analisado pra julgamento a partir desta quarta-feira dia 25.  No acampamento “Luta pela Vida”, o movimento indígena considera o processo mais importante do século sobre a vida dos povos indígenas, mas os povos também denunciam os projetos anti-indígenas em trâmite no Congresso Nacional e o agravamento das violências contra os povos originários dentro e fora dos territórios tradicionais. 


Foto: Leonardo Milano

Representando o povo Tapuia Paiacu do Apodi, temos a participação da nossa liderança, a cacique Lúcia Paiacu Tabajara que além de, com sua pesquisa de campo iniciada no ano de 2012 para as busca de famílias da etnia Tapuia Paiacu do Apodi, fundou o Museu Luiza Cantofa e o Centro Hstórico Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi, entidafe esta que não somente resgata a história desse povo que é orginário por habitar o território desde o princíbio da origem da Vila do Apodi, como também está inserida na luta do Movimento Indígena pelos direitos dos povos originários em todo o Brasil.

Esses povos não vivem a teatralização de uma história, como dizem e pensam alguns desinformados, eles LUTAM para que a IDENTIDADE do verdadeiro povo brasileiro seja recuperada. 


Por Mônica Freitas
Professora, poetisa, servidora pública e indígena da etnia Tapuia Paiacu do Apodi. 


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

03 DE NOVEMBRO: 195 ANOS DO MASSACRE DE 70 ÍNDIOS EM PORTALEGRE

 


Final do século XVIII anos iniciais do século XIX, tempo conturbado na Vila de Portalegre, sede da Ribeira do Apodi, onde índios Tapuia Paiacu foram aldeados, desde 1761. Neste mesmo momento, dois movimentos importantes que estavam acontecendo e que estimulavam conflitos na região: a Revolução Republicana de 1817 e a Confederação do Equador. Por motivos de conflitos, alguns dos moradores da vila já haviam sido presos. Um desses casos foi o do Coronel José Francisco Vieira de Barros. Quem cita o cenário é José Sávio Lopes (2017) em seu romance histórico Dezessete. Ele se refere à época de forma descontraída que essa revolução também ficou conhecida como: Revolução Pernambucana ou Revolta dos Padres.

Tal Revolução teve como principal fim criar, no Norte do Brasil, uma república livre do domínio Português, tendo o dia 06 de março de 1817, ocorrido no Forte das Cinco Pontas, “quando o Leão Coroado reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o seu comandante, Brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa de Castro” (LOPES, 2017, p. 29). Tal revolução foi liderada por André de Albuquerque Maranhão e apoiada por alguns representantes da igreja e das milícias da Ribeira do Apodi, em especial das vilas de Portalegre, Patu, Apodi e Martins.

Como se tratava de uma revolução contra as execuções portuguesas e no momento os índios estavam insatisfeitos porque a Câmara de Vereadores lhes atribuiu terras improdutivas, situadas nas grutas e que não serviam para o cultivo da lavoura, certamente foram influenciados por esse momento de tensão. Segundo Morais (2005), naquele momento a população de índios era bem maior do que a de brancos na Vila de Portalegre. E quem traz informações sobre esse detalhe é Macedo (2002) com informações sobre os números de brancos, pardos, pretos, mulatos e índios daquele lugar no ano de 1805. Ao todo, no início de do século XIX 1017 moradores na Vila de Portalegre. Desse total, 262 eram brancos; 100 pretos, 255 mulatos e 400 índios.

Nonato Mota (s/d) é quem relata em seu manuscrito, a volta do Coronel Vieira de Barros. Segundo o texto, este chegou a Portalegre logo que saiu da prisão e encontrou a vila em estado anarquista. Os vereadores tinham tomado as terras improdutivas dos índios e tinham queimado suas casas, feitas de palha, por isso chamadas de “palhoças”. Além de ficarem sem terras e casas, alguns indígenas foram presos. Vieira de Barros, ao ver a situação, pensando em apaziguar, aforou alguns terrenos aos índios mais exaltados, porém nada disso adiantou.

As influências recebidas das revoluções já citadas e outros conflitos envolvendo índios e colonizadores em outros lugares do Brasil prevaleciam. Segundo Trindade (2010) foi justamente no sertão do Nordeste atual se iniciaram manifestações contra algumas das determinações do imperador D. Pedro I. Pernambuco foi cenário do primeiro movimento liderado por Frei Caneca em protesto ao autoritarismo do imperador, que havia fechado a Assembleia Constituinte, impondo outras leis que lhes davam poderes excepcionais. Os povos envolvidos queriam a independência e um governo republicano por parte dos liberais, mas, os grandes proprietários estavam insatisfeitos com os altos impostos.

Enfim, não há como negar o contexto de revolução que influenciava também as relações entre os índios aldeados e os colonos. E este fator foi primordial para que ocorresse um dos massacres mais sangrentos da história dos conflitos envolvendo portugueses e indígenas do Oeste Potiguar no tempo da colonização, sendo o cenário do episódio a Serra de Portalegre. Tudo aconteceu depois de um ataque indígena aos moradores da Vila de Portalegre. Segundo Mota (1920), os índios invadiram a vila sob a liderança de Luiza Cantofa e João do Pêga. Travaram luta com os moradores e o delegado de polícia, o Capitão Bento Ignacio de Bessa foi morto. O Coronel Vieira de Barros se suicidou e os índios, em sua grande maioria foram presos e algemados na cadeia da vila.

 

Passaram alguns dias, mas, já sabendo que seriam levados em escolta à cidade de Natal para lá ficarem definitivamente presos. Nonato Mota (s/d) ao relatar os fatos que ocorreram, diz que no dia 03 de novembro de 1825, “ao chegarem ao pé da serra, entre o sítio Viçosa e a Vila de Port’ Alegre, levantaram uma grande cruz, e depois de rezarem um terço, foram os presos passados pelas armas [...]” (MOTA, s/d, p. 65). Dezenas de índios foram assassinados. As notas históricas falam de 70 índios, porém, é possível inferir que pela sua dimensão e por falta de documentos que comprovem de fato as perdas da parte dos índios, esse quantitativo pode ter sido bem maior. Após o fato, os relatos indicam que os principais autores dessa chacina nada pagaram pelo crime. Foram eles: Antônio Bezerra, Florêncio de Albuquerque, Antônio Caboba e Joaquim Cavalcante. Os índios sobreviventes do confronto foram retirados com suas famílias para os centros dos Cariris no Estado do Ceará, não mais tendo voltado ao sertão do Rio Grande do Norte (MOTA, s/d).

Luiza Cantofa, a velha índia que vivia com sua neta Jandi na vila conseguiu escapar do massacre e se esconder na Serra por alguns dias. No entanto, moradores deram conta de seu esconderijo, o que fez com que seus algozes a encontrassem no topo da serra de Portalegre e ali mesmo ela fosse morta na frente da neta, com uma punhalada no peito. Jandi nunca mais foi vista, João do Pêga também fugiu e não mais foi visto. E hoje, resta apenas a memória histórica fixada na cidade de Portalegre: na Casa de Câmara e Cadeira (Museu Histórico), no terminal turístico da Bica e na cova de Cantofa, no alto da Serra.

 

Por Mônica Freitas

Texto com base na Dissertação de Mestrado de sua autoria.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ÍNDIO QUINHENTISTA NÃO, MAS ÍNDIO...

 


O Coletivo Indígenas do Vale do Ceará-Mirim vem por meio desta nota demonstrar todo seu repúdio às declarações racistas, equivocadas e negacionistas com relação à existência dos povos indígenas no Rio Grande do Norte, sobretudo aquelas que foram dadas recentemente contra membros individuais da comunidade, que resultou consequentemente em um ataque coletivo a todos nós, povos indígenas do Estado.

Muitas vezes é preciso explicar o óbvio, sobretudo para membros mal-intencionados e conservadores negacionistas da academia. Primeiro é preciso entender que sociedades se transformam, sobretudo quando existem fatores como guerras, violência e invasões, motivando inevitáveis mudanças em povos invadidos. Nós, indígenas e descendentes, estivemos, estamos e sempre estaremos aqui distribuídos em diversos povos e etnias. Quem espera encontrar indígenas apenas em ocas e pintados, sem mistura genética, falando apenas sua língua original, sem nenhuma interferência de outras culturas, sobretudo depois dos cinco séculos de etnocídio, é porque não conhece a violência (ou finge cinicamente não conhecer) do processo de colonização que visava eliminar, extirpar, tudo que não fosse branco, cristão e patriarcal da organização social do que estavam violentamente a construir. Esperar que indígenas vivessem hoje de forma intocada após esse intenso contato e violência seria o mesmo que esperar ainda que portugueses vivessem em casas sem tecnologia atual e viajassem apenas em caravelas, trajando roupas do séc. XVI. Culturas se transformam, ganham, trocam, perdem e nem por isso deixam de existir enquanto cultura, enquanto DNA, enquanto povo.

Qualquer escritor, estudioso, pesquisador, ensaísta, por mais prestigiado que seja, errou ao dizer que não existem mais indígenas no Estado do Rio Grande do Norte. Essa é uma visão conservadora, reducionista e etnocída. Serve apenas aos planos da colonização iniciados com a invasão europeia há 500 anos, que dividem para enfraquecer, que negam a existência para apagar. Indígenas não existem só na Amazônia, não apenas nas florestas isolados. Existimos em todas as regiões do Brasil, da Caatinga à Mata Atlântica, das cidades ao campo. Estamos em aldeias, em comunidades reconhecidas e, também, naquelas ainda não reconhecidas. Existem indígenas heterossexuais e, também, LGBTQI+, com pele clara e escura, com cabelos lisos e, também, cacheados, com fé e, também, ateus. Somos diversos, somos muitos. Indígenas vivem muitas vezes sem saber o que são, sem certeza sobre sua etnia, língua original, afinal, séculos de perseguição deixaram marcas severas. Poucos seguiram se autodenominando indígenas enquanto eram ameaçados de morte, considerados incivilizados, incultos, obscenos, inferiores, vulgares, sujos e “sem deus”. Não podemos esquecer que nessas terras aconteceu a chamada Guerra dos Bárbaros, talvez o maior massacre declarado em terras brasileiras cujo objetivo era eliminar por completo o povo originário da Terra. Até bandeirantes vieram do Sudeste para assassinar nosso povo na tentativa de cumprir o plano de extermínio total. Muitos padeceram, etnias inteiras sumiram, mas não foram todos que morreram, aqueles que sobreviveram encontraram alguma forma de fazê-lo, e a verdade é que seguimos existindo, mesmo menos organizados e em menor número do que antes.

Existem indígenas mestiços e, também, sem mistura racial. Muitos dos que hoje chamam de “pardos” não são negros ou brancos, como os sensos e algumas retóricas (também etnocídas) insistem; são, na verdade, indígenas que perderam o espelho para ver refletir o que de fato são. E, por isso, cada vez que um parente nosso volta a se classificar como indígena, cada vez que uma comunidade volta a se dizer indígena, um ancestral nosso revive e volta para casa com ele. O Brasil não se formou da mesma forma em todas as regiões, em alguns lugares a presença e contribuição brancas foram maiores, em outros, a negra. No RN, sem sombra de dúvida, a indígena teve (e segue tendo) um papel fundamental na formação genética e cultural do Estado. Claros vestígios dessa rica contribuição estão no comportamento, na culinária, na medicina tradicional, nos mitos, lendas e, também, na religiosidade do norterriograndense. Isso é cultura viva!

E para quem segue achando que a genética é a única forma de classificar um povo, segundo um estudo genético recente realizado por diversas universidades internacionais e publicado em 2017 no BWC Evolutionary Biology, mais de 50% do DNA mitocondrial das pessoas vivas do Rio Grande do Norte provém de ancestrais indígenas (distribuídos entre os haplogrupos A, B, C, D e X). Ou seja, grande parte de nossas mães ancestrais são indígenas e de etnias indígenas muito diversas. Novas evidências arqueológicas serão reveladas em breve com o devido cuidado e estudo, evidenciando e marcando ainda mais nossa presença no Estado do Rio Grande do Norte.

Mesmo esquecidos por governos, negligenciados pela elite branca, mesmo silenciados por retóricas etnocídas de diferentes grupos, repito: Estivemos, estamos e sempre estaremos aqui!

Como disse uma vez o guerreiro indígena Sepé Tiaraju: “Ko yvy oreko hara” – Essa terra tem dono!

Assinam conosco esse texto a APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) e as comunidades indígenas: as comunidades indígenas Eleotérios do Katu através de seu representante Luiz Katu , os Potiguaras do Amarelão através de sua liderança Tayse Campos , a Aldeia Santa Terezinha através de sua liderança Dioclécio Mendonça, a Aldeia Serrote de São Bento através de sua liderança Rejane Batista e a Associação Indígena de Marajó através de sua liderança Kaline Bezerra Felipe. Todos assinamos juntos essa nota de repúdio contra o etnocídio e o racismo dessas declarações abomináveis! ✊🏹 Sonia Bone Guajajara Cadu Carlos Neide Akanguasú Novenil Frank Îagûara Hugo