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sábado, 20 de julho de 2019

OS VALORES IMPLÍCITOS NA ADJETIVAÇÃO DE “PARAÍBAS” AO NORDESTINO





Tendo estudado ou não Geografia, grande parte dos nordestinos sabe, entre estes muitos que não sabem ler e nem escrever porque dedicaram sua vida a resistir aos encautos do clima semiárido, que somos um povo diferente de todos os outros do resto do Brasil. Não foi a toa que o pré-moderno Euclides da Cunha escreveu em sua obra  OS SERTÕES que “o sertanejo é antes de tudo um forte”, quando se referiu ao aspecto climático do Nordeste brasileiro.

Somos ascendência de um povo descrito pelos cronistas portugueses da época da colonização, como é o caso do Gabriel Soares de Sousa no seu TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL, de 1587, como selvagem e bárbaro, adjetivos direcionados àqueles índios chamados de “tapuias” que habitavam as encostas dos rio Paraíba, Maranhão e Rio Grande e eram valentes e guerreiros ao defender as suas lavouras que ora estavam sendo invadidas pelos europeus exploradores.

Não obstante, esses povos primeiros tiveram comportamentos muito parecidos com o povo de Canudos em Pernambuco no final do século XIX ao defenderem a sua aldeia quando o Governo da República Velha não os aceitou com suas especificidades culturtais e religiosas. A descrição de Euclides da Cunha àquele sertanejo não foi, mais uma vez reafirmando, do nada.

O nordestino não foge também da descrição bastante prática e real que marca a sua característica linguística, também herdada de sua ancestralidade autóctona, dada pelo poeta Patativa do Assaré, que tão bem demonstra o espírito forte e lutador desse povo, através de seus textos originalmente escritos no nosso dialeto.

Também nos adequamos, nós nordestinos, a todas as caricaturas personalísticas propostas pelo nosso mais atual literato que o espírito ainda soa bastante vivo na nossa memória, o dramaturgo Ariano Suassuna, nosso contemporâneo “paraíba”.

Ao mundo afora, também não fugimos dos tantos efeitos de estilos que enfeitam a musicalidade, o ritmo, as melodias e notas empregados para dar sentido à arte nordestina que incendeia mundos e fundos, dentro e fora do Brasil e encanta os mais inteligentes apreciadores.

Não estaríamos tão distantes da adjetivação proposta pelo nobre Presidente Jair Bolsonaro, caso os motivos, o contexto e os fatores que lhes obrigam a descrever o nordestino como “paraíba” fossem os mesmos utilizados em todos esses contextos artísticos que descrevemos, pois são eles que revelam nossa mais nobre individualidade enquanto indivíduo social de caráter especial da nossa nação.
Não. Não ficaríamos irritados, muito menos indignados.

O problema é que, na sua fala, que até agora não sei se adquirida criminosamente ou não ou se captada por acaso, já que vivemos a Era da Tecnologia Digital e temos em mãos, quase sempre, um desses aparelhos que captam imagens e sons e podemos usá-lo de muitas formas e para atender diversos interesses, os valores de referência negativa ao povo nordestino foram veementes. Inegáveis, na sua expressão discursiva e física, na sua linguagem, que já é perceptivelmente específica.

Como sabemos que todo discurso é intencional, não há como não perceber que os valores ali difusos são amplamente negativos, para desqualificar e estimular uma retórica pejorativa, preconceituosa, que faz-nos ocupar o lugar de algo JOCOSO.
Lamentável saber que temos um presidente que tem em sua expressão física o exemplo caucasiano de gente elevadamente desenvolvida, mas, que se utiliza de um comportamento tão VULGAR para falar de “gentes” que pagam impostos, compram, vendem, trabalham, comem e bebem e têm os mesmos direitos instituídos na legislação de uma nação a qual esse senhor governa e que se orgulha, NÃO SE ENVERGONHA, do que já produziu em termos de patrimônio material e imaterial ao Brasil.  

Por Mônica Freitas

domingo, 7 de julho de 2019

MISOGINIA OU MISANDRIA? QUAL VOCÊ PREFERE?


Imagem ilustrativa extraída da internet

Não se pode deixar passar longe dos debates atuais as questões que surgem diante de um discurso claramente pré-meditado para provocar em homens e mulheres a disputa de sentimentos que demonstrem defesa, desprezo, ódio ou favorecimento ao caráter que define as extremidades entre gêneros, mesmo que isto se relacione apenas à condição feminina X masculina. 

Nessas discussões, muito evidentes em redes sociais, fazem perceber que o discurso misógino se sobrepõe ao misândrico, uma vez que, é muito menos intenso o discurso anti-machista. Este muitas vezes é reforçado pela própria mulher, principalmente quando escutamos frases do tipo: "Ah, mas ela teve culpa", ditas por mulheres em casos de estupro. 

Mas, o que mais é absurdo é ouvir e ler certas frases sendo proferidas por membros dos poderes Executivo e Legislativo brasileiro, claro, fundamentadas em um senso comum bastante raso e sem reflexão sobre o real papel de um Chefe de Estado. Ressalto, não se trata apenas de saber que os ditados em linguagens chulas existem, mas, de repudiar a provocação e a disseminação de um ideário que estimula um comportamento vil, seja este disseminado por qualquer discurso, misógino ou misândrico. Pois bem, diante disto, trazemos aqui a definição do que seja a misoginia e a misandria. Ao leitor ou leitora, apenas o recado para que adentrem aos seus interiores e reflitam a partir da pergunta: 

Eu sou misógino (a) ou misândrico (a)? Porque sabemos que ambos existem e podem ser sentimentos e pensamentos bastante distorcidos da realidade. 

MISOGINIA -  é a repulsa, o desprezo ou ódio contra as mulheres. Uma forma de aversão patológica ao sexo feminino diretamente relacionada com a violência que é praticada contra a mulher na nossa sociedade. Um sentimento que dá origem a outros, como: mulheres:  ginecofobia, ginofobia, antifeminismo, androcentrismo. 

Este comportamento é o principal responsável por grande parte dos assassinatos de mulheres, ou seja, o feminicídio, muito em alta no Brasil. Etimologicamente, a palavra "misoginia" surgiu a partir do grego misogynia​, ou seja, a união das partículas miseó, que significa "ódio", e gyné, que se traduz para "mulher". Um indivíduo que pratica a misoginia é considerado misógino. Se o indivíduo tem comportamento contrário a este, trata-se da prática da  filoginia, que é o amor, afeto, apreço e respeito pelo sexo feminino.

CAUSAS DA MISOGINIA - a cultura social do machismo  está intrinsecamente presente em quase todas as sociedades humanas há séculos preconizando a superioridade do macho, ou seja, tentando perpetuar o patriarcado, o sexismo que deslancham juntos o preconceito e a desvalorização das mulheres. Mesmo hoje, após tantas conquistas e comprovações de que mulheres não são inferiores aos homens, ainda é possível se encontrar o desafio de se enfrentar os discursos e atitudes que revelam tais atitudes. 

MISANDRIA -  nome dado ao sentimento de raiva ou aversão praticado contra o sexo masculinoEtimologicamente, o termo "misandria" surgiu do grego misosandrosia, composto pela junção das partículas misos, que quer dizer "ódio", e andros que significa "homem". Apesar de sabermos que é um comportamento inadequado à mulher e que NÃO DEVE SER ALIMENTADO, diante da superior existência da misoginia sobre a misandria, há questionamentos, devido a importante carga histórica que carrega o preconceito sofrido pelas mulheres ao longo dos séculos. Muitos, inclusive pesquisadores acreditam que a misandria é apenas uma forma de defesa da mulher diante do comportamento misógino. 

Enquanto pessoa que defende a ideia de que as mulheres não são inferiores e de que o respeito a estas deve ser o primeiro passo para encerrar qualquer debate e discurso misógino, ressaltamos que conhecemos a importância do sexo masculino e de todos os outros gêneros na formação da sociedade. Portanto, misoginia, misandria ou mesmo a homofobia não nos compete enquanto comportamento. Acreditamos que evitar qualquer discurso referente a ambos é o caminho mais adequado. Mesmo que sejamos apenas uma pessoa comum. Ainda mais quando somos pessoas públicas, mais ainda se ocupássemos os espaços da chefia estatal. 

Por Mônica Freitas 
Conceitos consultados em: https://www.significados.com.br