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domingo, 23 de abril de 2017

(POESIA) Leve Lê




Sem nem tocar a glote para emitir qualquer som
Assim faz-me o pensamento do leve lê
Os olhos da mente se abrem mais que os do rosto
As pálpebras se arreganham como pernas e quedas feias 
Esconde-se o espaço entre pestanas e sobrancelhas 
É a minha forma de observar, de sem falar, vê


É uma astuta leveza do ser que não quer zoar 
E com o som da voz incomodar e incomodar-se
Mas isso não lhe impede da vida perceber 
De ver o brilho que muitos imaginam ter
Se esvair no conto da imaginação do seu falar 
E assim prosseguir, continuar sem visualizar-se

O leve lê é aprendido ao longo do tempo infinito
É traçado como se fosse uma (des) percepção 
Vivificado pela leitura de mundo, mediado pela frieza
É acordado pela batida pesada das revoltadas palavras 
Em um momento que permanece só as farpas do atrito
Que mancham a alma, o corpo, a vida e seu coração. 

O leve lê sem fala escuta, fala em tom silenciado
Corre, pensa, planeja, se cala, se faz de santo
Parece aguentar os fortes beijos do ódio
Da ambição, da luxúria, da inveja, do poder
Não cede, permanece de beleza interior inebriado 
Sem jogar ao léu as pedras preciosas do seu encanto.


Mônica Freitas 


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