Este texto faz parte do resultado de um trabalho realizado em sala de aula, durante o processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa e suas Literaturas. A sequência didática teve início com a apresentação de seminários de leitura de textos literários por turmas de 1º Ano do Ensino Médio do Instituto Federal de Educação e Tecnologia - Campus Mossoró/RN, abrangendo, desde a literatura trovadoresca à Árcádia Brasileira. Na sequência, elegemos a temática da Literatura de Viajantes e de Catequese para a realização de um debate (como atividade de produção oral) e um texto em forma de artigo, nos quais fossem defendidas teses acerca dos efeitos da Colonização no Brasil. Os alunos teriam que deixar claros resultados para o colonizador ou o colonizado. Tudo com base na leitura de textos literários. Os melhores textos, prometi postá-los aqui no blog.
Nicolas Gustavo - Foto do Facebook. |
O primeiro deles é este, escrito por Nicolas Gustavo.
Brás
Cubas, o defunto autor de machado de Assis, escreveu em suas memórias póstumas,
que não teve filhos, não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa
miséria. Possivelmente veria acertada sua decisão ao analisar o extermínio
voraz dos nativos de nossa pátria amada, por europeus “superiores”, encabeçando
a aplicação do errôneo direito de privar outros de sua cultura, de seu território
e de sua vida.
É notório
observar, em primeiro lugar, o processo de aculturação indígena. Impulsionados
pela necessidade e perspectiva de soberania das raízes culturais europeias,
principalmente no que diz respeito a religião católica, os autodenominados
“civilizados” desenvolveram a introdução de uma constituição social, onde já se
havia construída uma. Assim, não se derrubou apenas corpos, mas também uma
cultura rica, diversificada e suficiente.
Além
disso, o fator da violência no ato da colonização é de extrema importância
nessa análise. Hediondamente, os portugueses colonizadores dizimaram milhares
de nativos de nossa terra, com armas de fogo disparadas pelo discurso nefasto
eurocentrista. Contudo, a agressão mais comum e menos debatida se concentra no
silenciamento das vozes indígenas reivindicadoras de direitos, por “colonizadores
modernos” anônimos para o mundo e pelo Estado omisso e negligente. Calados,
permanecem morrendo: física e socialmente.
Fica
claro, portanto, o caráter pernicioso da colonização, que mantém marcas
profundas até hoje. Negar aos nativos voz, terra e identidade deve passar a ser
uma prática inexistente em um país que se diz democrático. Para isso, o governo
deve desenvolver polícias permanentes de apoio social à população indígena,
agregando as suas reivindicações e, dessarte, cumprindo-as. A sociedade civil como um todo necessita se
integrar a luta dos índios pela sua sobrevivência, de sua cultura e de suas
terras. Dessa forma, daremos um grande passo na produção de um legado que Brás
Cubas pudesse se orgulhar.
Nicolas Gustavo Souza Costa
Aluno Concluinte do 1º Ano do curso técnico em Mecânica
IFRN - Campus Mossoró
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