Durante
todo o mês de agosto do ano de 2019 esteve fixa na minha mente esta sentença:
QUANDO ENTRAR SETEMBRO. A fixação na memória me lembrava o trecho de uma
composição do Beto Guedes, artista brasileiro que gravou essa letra na música
intitulada “Sol de Primavera”. Uma letra arranjada em melodia que exalta a
chegada das flores, a primavera, como o tempo certo para perdoar, reinventar
sonhos, refazer caminhos, só porque os campos começam a florescer e
recriarem-se em cores e perfumes.
Eu
lembrava toda essa transformação, ao mesmo tempo em que pensava que foi em
setembro do ano de 2018 que perdi a mais mimosa flor da vida: aquela que me deu
de graça a flor mais perfeita de mim, a vida. Setembro de 2018 começou e as
flores, mesmo no Sertão de clima semiárido chegaram. Elas enfeitaram os ipês
raros da nossa terra, coloriram as ervas da caatinga e deram novo tingimento ao
mato rasteiro que até enverdeceu com a nova estação.
Como
admiradora das flores, fã número um da magia, do perfume e do tom que elas conseguem
dar ao mundo, a entrada do mês que também inicia a sequência dos meses finais
do ano, chamados de final BÊ-RÊ-O-BRO/ BRO em 2018 para mim foi igualmente
voltada para a alegria das flores. Pena que durou pouco porque entre os dias 09
e 10 deste período, vivi junto com meus irmãos e toda a família as dores
diárias da enfermidade e morte da nossa mãe.
Esse
fato deu um novo sentido, para mim, à entrada e ao fim de setembro, e talvez,
para sempre, aos meses que findam com BRO. É doloroso ouvir Sol de Primavera
sem lembrar dessa dor. Sem pensar que aquela flor ainda tão vívida, tão ávida,
tão colorida de sonhos se foi justamente no mês das flores. É infinitamente
inesquecível a sua imagem, sua voz, o seu cuidado. É também infinitamente
inesquecível a memória de tudo que foi, que ainda é, e da falta que faz.
Percorremos
um ano de sua partida, mas, vez por outra, ainda vivemos a ilusão de que a sua
vida está aqui em setembro e todos os outros meses que se seguem. Agora mesmo,
acordamos do sonho. Faz um ano que essa vida está apenas no nosso amor, no
nosso coração, na nossa memória. Mesmo assim, continuamos te amando.
E
quando entrar setembro, em todos os anos, o sentimento de SAUDADE desta flor
que não chegou, foi-se, vai sempre aflorar em nós.
Mônica Freitas
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