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quarta-feira, 1 de julho de 2015

Viva a liberdade de protesto! Seja como for?


Hoje tive a oportunidade de mais uma vez contemplar a tal "liberdade de expressão". No site identificado como Portal Fórum estava lá, estampada uma crítica à forma de alguns protestarem abertamente sobre os aumentos da gasolina no nosso país. 

Trata-se de adesivos em tanques de carros, que segundo o autor do texto são misóginos, isto é, são genericamente masculinos, representam uma cultura machista, que lançam uma nova moda de protestos contra o governo Dilma.


Imagem extraída do Portal Fórum. 

Fiquei olhando a imagem e não teve como fugir do sentimento que me obriga a interagir a experiência própria.

Por um momento voltei aos finais dos anos 70 e início dos anos 80. Eu, adolescente, estudante, filha de pais paupérrimos, que não tinham emprego e moravam em casa de taipa. 

Ia à escola com a esperança de Deus na mente e uma curiosidade imensa pelo conhecimento. Eu não entendia de economia, nem de aumento de gasolina, nem mesmo da água ou da luz; não tinha e nem sonhava em ter carro. Água? De cacimbas feitas na areia do rio filtrada em filtro de barro. Luz? Da lamparina. E em meio a isso tudo, os preços exorbitantes de tudo, todos os dias: feijão, café, açúcar, arroz, sal, óleo, carne, peixes, etc. cada aumento poderia chegar até 100%. Jornalistas falando sobre isso? Nada! Só serviam para noticiar os fatos, aliás, nem dava tempo de dizer o preço de um produto, no outro dia o preço era outro. E ai daquele que ousasse noticiar deixando um "fiascozinho" de sua indignação; quanto mais PROTESTAR, e ainda mais dessa forma. 

Analisei que hoje vivo em um mundo totalmente diferente. A escola que eu frequentava deu-me a oportunidade de alçar voos maiores e de chegar ao ensino superior. Meus pais hoje são aposentados da vida de agricultores em terra que nunca chegaram a cultivar com bonança por causa das estiagens frequentes. Mas, vivem bem melhores, moram em uma casa de alvenaria e também têm uma mesa bem mais farta do que quando eu era criança. 

Aquela menina que morava em casa de taipa, pode até também entrar na onda dos protestos, porque tem um carro, precisa de comprar a gasolina... Vive e observa o mesmo mundo frequentado pelos "pregadores misóginos". E sente também a crise provocada pela "corrupção desenfreada" cometida por boa parte dos políticos agregados a mais de uma dezena de partidos que em época de eleição vão aos palanques fazer promessas e mentir para o povo. 

A mesma menina já viu imagens de crises de diversas formas estampadas nas telas da TV, não foram poucas. E viu também o disfarce de muitos que se aproveitam dessas crises para atrair a ingenuidade de quem não conhece verdadeiramente a história do Brasil e se vê apenas em um rápido momento vivido e que corre aos quatro cantos usando o triunfo maior já conquistado por um povo. 

Em suma, comecei a desenhar a conclusão de que já vivemos crises muito piores, o que nunca eu tinha visto ainda era um pobre, tido como de baixa renda, protestando desta e de outras formas, e mais, por causa do preço da gasolina, porque pobre não precisava desse produto, precisava mesmo era de trabalho e de comida. 

VIVA A LIBERDADE, VIVA A DEMOCRACIA!

Por Mônica Freitas


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