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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

(HISTÓRIA NEGRA) QUEM FOI SARAH BAARTMAN?


Imagem extraída de
 https://www.facebook.com/desmentindoahistoriabranca/photos/rpp.570638413391972/613329192456227/?type=3&theater

TODAS AS MULHERES NEGRAS AINDA SÃO VISTAS COMO SARAH BAARTMAN.
Quem?
Também conhecida como Saartjie, Vênus Negra, Vênus Hotentote…
Nada ainda? Nunca ouviu falar? Então mesmo esqueminha de sempre, senta aí que a gente conversa.
Sarah nasceu em 1789 na região da Africa do Sul, perdeu os pais muito cedo, e aos 10 anos de idade foi trabalhar em uma fazenda holandesa fazendo serviços domésticos.
Chamou a atenção dos patrões por suas FORMAS ”INUSITADAS’’ e ‘’ANORMAIS” (percebam que nesta época a medida do mundo era dada pelo homem branco europeu, tudo que fugia disso era considerado desumano e anormal.
Quer dizer..era? Ou ainda é?
Prometeram leva-la para a Inglaterra, para se tornar uma ARTISTA que ficaria rica, e ela mesmo analfabeta SUPOSTAMENTE assinou um contrato.
Mas o que fizeram da vida breve dessa mulher foi desumano. 
Não existe outra palavra para descrever o que aconteceu. 
Ela se apresentava com uma roupa colada da cor de sua pele, fumando um cachimbo, e a história contada para o público era a de uma selvagem que foi capturada e domada.

Ela era ensaiada a emitir BARULHOS ANIMALESCOS e fingir que iria ATACAR OS BRANC’OS da platéia.
Usava uma COLEIRA e as pessoas que pagavam um dinheiro extra podiam tocar em suas nádegas avantajadas.
Sarah não queria ter que exibir seus órgãos genitais. Mas ao ser vendida para um novo ‘’dono’’ que era muito mais duro com ela, foi obrigada a se exibir totalmente nua, inclusive em festas noturnas onde HOMENS BÊBADOS se DIVERTIAM APALPANDO o seu corpo.
O racismo ”cientifico” estava em seu auge, logo o corpo de Sarah despertou interesse e curiosidade nos estudiosos da época.
Ela chegou a ser ‘ESTUDADA’ ainda em vida, era MEDIDA, CUTUCADA, APALPADA e constantemente COMPARADA com ORANGOTANGOS.
Começou a BEBER e FUMAR com muita INTENSIDADE para SUPORTAR estas apresentações TORTURANTES.
No entanto um grupo de ativistas da época ficou horrorizado com a forma como ela era tratada e iniciou um processo judicial contra os ‘empresários’ dela.
Mesmo assim Sarah os defendeu e afirmou receber metade do lucro do que eles faturavam, e mesmo que provavelmente estivesse sendo COAGIDA, o processo foi arquivado, afinal era APENAS UMA NEGRA.
Por motivos políticos, as apresentações se tornaram impossíveis, e Saartjie foi levada a se PROSTITUIR e tornou-se alcoólatra.
FALECEU aos 26 ANOS DE IDADE, (provavelmente) de sífilis.
Enfim descansou, e deixaram o corpo dela em paz né?

Claro que não!
Um naturalista fez um molde do corpo, antes de dissecá-la. Ele foi usado para definir uma fronteira entre a MULHER BRANCA ‘NORMAL’ e a MULHER AFRICANA ‘ANORMAL’.
Foram preservados o cérebro e os genitais que depois seriam expostos por muito tempo.
Até 1974 faziam parte do acervo público da França, sendo o ÓRGÃO GENITAL dela exibido ao lado do CÉREBRO de grandes homens pensadores, como Descartes.
Eu não destaquei essas duas palavras sem motivo.
Se vc já entendeu é isso mesmo! Caso contrário vou explicar:
O HOMEM BRANCO e a MULHER NEGRA seriam os DOIS EXTREMOS da humanidade, ele sendo representado pelo CÉREBRO, um ser RACIONAL, capaz de produzir o saber, e ela sendo representada pela VAGINA, um ser SEXUAL, e primitivo.
Várias tentativas foram feitas para se resgatar os restos mortais de Sarah e devolver ao continente africano para um enterro digno. 
Em 1994 o então presidente da África do Sul, Nelson Mandela mais uma vez fez o pedido ao governo francês, e somente em 2002 a solicitação foi atendida (demorou porque os caras de pau entraram na justiça para não devolver), assim 192 anos depois ela retorna ao lar, e é enterrada humanamente.

Depois de saber, que a objetificação sexual do corpo negro é histórica, que a suposta falta de aptidão intelectual das pessoas negras vem de muito longe ainda hoje esse estereótipo continua. 
Todas as vezes que dizem estar exaltando a mulher negra, colocam fotos de mulheres de costas, focando apenas em nádegas avantajadas

A crítica não é baseada no puritanismo, (cada um exibe o que quer e não há problema nenhum nisso) e sim na DINÂMICA SOCIAL que continua a mesma.
As mulheres negras são vistas como seres sexuais incapazes de produzir conhecimento, e de liderar. E quando isso acontece, são frequentemente questionadas e invisibilizadas.
Tudo isso fruto da falsa superioridade racial da branquitude e do pensamento colonizador.
Mulher negra não é só bunda!
Ela é avó, mãe, irmã, filha e esposa.
É chefe de família, advogada, engenheira e médica.
É empreendedora, professora, enfermeira, atriz e cantora.
É chef de cozinha, atleta, escritora, maquiadora e artesã.

Ela é tudo isso e muito mais. Ela é o início. O ventre que fecunda desde o princípio.
Sarah Baartman não teve justiça em vida. Mas ela vive em cada mulher negra que possui consciência da história de seu povo e desafia o sistema todos os dias para manter os seus e a si própria em pé.


Reedição e adaptação do texto de Alessandra Eduardo

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