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Uma das faixas exibidas na marcha pelo impeachment de Dilma |
Até aqui tenho como marca da minha idoneidade para opinar a condição de não ser oficialmente filiada a nenhum partido político. Tenho um partido: o meu, o do eleitor, que para mim deve ser o conhecimento sobre os seus direitos, baseado nas suas experiências cotidianas, como é o caso das condições de vida, de liberdade, de dignidade e da tão falada democracia.
Aliás, é por esta democracia ser falada e ao que me parece praticada, que estou afora a opinar. E dela vou pegar a custos (porque sei que me atirarão pedras), um pouco de espaço para também manifestar um protesto, não á marcha e sua organização, porque assim não estaria sendo democrática, mas à tentativa de emudecimento da busca pelo conhecimento de um dos mais nobres pensamentos em favor de tudo que enseja ser popular, a teoria de Paulo Freire.
Tive a oportunidade de ouvir falar em Paulo Freire somente na faculdade, o nome é sempre citado. Mas, eu i conheci em casa, quando li alguns dos seus livros. E em todas as minhas leituras buscando entender a real função de um professor que atua nas classes populares, não encontrei ninguém, nenhum pesquisador ou escritor que deixasse tão clara a relação entre educação e desenvolvimento de uma nação.
Paulo Freire escreveu sobre as possibilidades da educação para o oprimido (nosso povo brasileiro), que às vezes não se enxerga como tal e defende as classes que o oprimem; também escreveu sobre as possibilidades de o professor trabalhar uma educação libertadora, para a autonomia do ser humano, além de com seu discurso me ensinar que política e educação têm que caminhar juntas, e que temos de lutar por isso enquanto membros do povo sem se deixar usar pelas elites, que são maquiavélicas e manobradoras, principalmente quando tomam como ponto fraco a ignorância dos que compõem as massas populares.
Sem se estender muito, Paulo Freire não precisou subir em um palanque eleitoral, mentir, prometer, mostrar os erros e o total de bens públicos disponíveis, defender mudança, ser eleito, tomar o poder, para depois decepcionar o povo que ele tanto defendeu. Ele desceu à sala de aula, viveu a sua teoria primeiro na prática, depois a escreveu e a deixou como legado, sem ferir a sua personalidade de educador. Diferente de muitos dos que estão à frente da nação e também na liderança dessas MANIFESTAÇÕES por impeachment.
Para falar a verdade, não me surpreendo com notícias de CORRUPÇÃO no Brasil. Para mim, roubos na Petrobrás sempre existiram, a explosão atual tem meta a ser alcançada, somente isto, nada mais. Por diversas vezes,quando lia o próprio Paulo Freire, percebia que ela estava ali o tempo todo e que a fala do Mestre era sobre a importância de o povo tomar o seu lugar no pódium da política e manifestar-se, democraticamente, mas sabiamente, observando-se como integrante que, inclusive podia ser usado como massa de manobra. Acho que a nossa falha educativa nunca ficou tão clara: o povo cobra tudo e no final não sabe o que: A baixa do preço da gasolina? O fim da corrupção? A expulsão da Presidente? O fim de um partido? Ou a queima de tudo quanto diz respeito ao que já foi conquistado pelo povo, incluindo-se neste meio todos os materiais escritos que defenderam inclusive uma educação que libertasse o povo das amarras elitistas?
Pasmem! Na imagem acima, fotografada no dia D de manifestação pela retirada de um partido do poder, estava lá escrito em uma faixa:
CHEGA DE PAULO FREIRE!
Se tudo já estava quase claro para mim nesse meio confuso de manifestações, a gota d'água final lavou o último cisco: não existe uma manifestação popular sequer que grite pela JUSTIÇA, que é o único fenômeno capaz de começar a gerar a verdadeira MUDANÇA.
Essa gritaria por um Brasil Melhor, originada na garganta daqueles que também participam dos mesmos atos de corrupção e tentam manobrar os que não têm condições de refletir e comparar passado com presente, ver e rever o que foi dito, o que foi ou não feito, e lugar do POVO, em toda essa história, NÃO, isso NÃO ME ATRAI.
Por Mônica Freitas
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